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Foto: https://g5noticias.cl/

 

 

JUAN CRISTÓBAL ROMERO

 

(Santiago, Chile, 1974-    )

 

O poeta Juan Cristóbal é engenheiro civil, professor da Universidad Católica de Santiago do Chile.
Edita deu primeiro poemário, Marulla, com poemas já divulgados em várias revistas literárias da América Latina. Grande conhecedor da história chilena, da qual recolhe temas para sua criação poética.
Em 20010, pela editora Tácitas, saiu Rodas, grande sucesso de público.

 

 

 

MELLO, Thiago de.  Poetas da América de canto castellano.  Seleção, tradução e notas  de Thiago de Mallo.  São Paulo: Global, 2011.  495 p.  - ISBN 978-5-260-1561-6   - 18,5 X 26,5 cm.  -
Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

POESIA EM PORTUGUÊS
Tradução de Thiago de Mello

 

 

 RITMO

O que há de mal em perseguir
o ritmo escondido das coisas?
Qual mal faz marcas com os pés
o golpe da chuva nas poças,
em transformar o ruído em compasso
e o pestanejar em pandeiro?
Marcar com os pés o cansado
caminhar das coisas secretas.
Como quando os gatos fizeram
aquele alvoroço no telhado
as telhas se queixaram, pareciam
cravelhas de um piano abandonado.
Mal algum faz acompanhar o ritmo
das coisas. Sentir a maneira
Como se dobram os campos de aveia
quando o vento lhes verga o lombo.
Que mal fazer do ruído compasso
e das pálpebras pandeiro.
Selar com os lábios a doçura
do passo das coisas secretas.

            

 

 PÃO AINDA NÃO PAGO, CERVEJA
NÃO BEBIDA

Toda a minha casa é puro estalo de tábua.
É o fungo verdejando as esquinas.
Sejam sua manhãs
uma babel de colchas e colchões,
a mania
de não te ver mas vendo quando contas as moscas
que se coam
como zéfiro por uma e mil fissuras.
E sendo como foi
casca de lata aos rigores do inverno,
penso, deveria
me dar uma pedradas nas costelas.
Porque pensando em ti
esta prisão me vem como um palácio
e esta chuva
a docura de gatos caminhando.



SOBRE A ÉTICA DOS NÚMEROS
E OUTRAS AFECÇÕES

Que bem fará em contar por exercício
as horas que dividem a jornada
os passos que uma gata lambuzada
na porta me deixara do edifício.

Que bem ou mal, gozando bom juízo,
Fará juntar os restos, terminada
a ceia e a chegada da criada
levando bem contado o seu serviço.

Assim a vida mede a cabeça
se julga o relojoeira sem decoro
pois sabe que se vale o que se pesa.

Mas bem ou mal, que importa quando imploro
em tardes incontáveis de moleza
que o sol me conte um conto enquanto morro.

 

             (Os poemas são de Marulla, 1997)

 

 

*

 

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Página publicada em maio de 2021

 


 

 

 
 
 
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